O uso de silicatos pelos agricultores para fertilizar as plantas, com intuito de aumentar a sua produtividade, remonta há muitos séculos atrás. Sem saber, ao fertilizar os campos cultivados com cinzas de árvores, arbustos ou cereais, chineses e romanos estavam aplicando silício em seus solos degradados.
As primeiras investigações sobre a relação entre a sílica e plantas datam do fim do século XVIII.
Sir Humphey Davy (1778-1829), inventor e cientista britânico, em “Elementos de Química Agrícola” de 1814, já salientava a importância da “epiderme silicosa” das plantas como proteção contra a ação de insetos.
Jöns Jacob Berzelius (1779-1848), um dos pais da química moderna – responsável pela divisão da química em orgânica e inorgânica, descobriu o elemento silício em 1823.
Friedrich Heinrich Alexander, mais conhecido como Alexander von Humboldt ou Barão de Humboldt (1769-1859), explorador e naturalista alemão de uma polivalência sem igual, mediu o conteúdo de sílica de milhares de plantas em suas jornadas científicas por diversos países, principalmente América do Sul.
Justius von Liebig (1803-1873), famoso químico e agrônomo alemão, deu uma extraordinária contribuição para a humanidade. Seus trabalhos possibilitaram a criação do sabão, explosivos, alimentos desidratados e fertilizantes químicos com a fórmula NPK. Foi o primeiro cientista a sugerir o uso de silicato de sódio como fertilizante silicatado, em 1840. Seu primeiro ensaio em casa-de-vegetação com silício foi realizado com beterraba.
Sir John Bennet Lawes (1814-1899) foi o fundador da primeira instituição de pesquisa agronômica da Inglaterra – provavelmente do mundo, a Rothamsted Station. Cientista extremamente interessado no efeito dos fertilizantes sobre o crescimento das culturas, criou em 1842 a primeira fábrica de adubos artificiais da Inglaterra. Juntamente com seu colaborador e químico Joseph Henry Gilbert (1817-1901), estabeleceu as bases da pesquisa moderna na agricultura com os princípios da nutrição das culturas. Em 1856, iniciou os primeiros ensaios de campo com fertilizantes silicatados.
O químico russo Dmitry Mendeleev (1834-1907) sugeriu em 1870 o uso de sílica amorfa como fertilizante silicatado.
Diversos cientistas no século XIX e início do século XX da França, Alemanha, Japão e do continente americano estudaram o efeito do silício em plantas, inclusive o seu papel na proteção a doenças. Trabalhos do Departamento de Agricultura dos Estados Unidos e de E. Wein entre 1910 e 1912 mostraram as vantagens do uso de silício solúvel.
Os trabalhos científicos avolumaram-se ao longo dos anos, comprovando-se que o silício solúvel é uma ferramenta fundamental no manejo nutricional e fitossanitário da agricultura moderna, contribuindo para a sustentabilidade do setor do ponto de vista social, econômico e, principalmente, ambiental.
A prova disso são os congressos internacionais sobre o uso do silício na agricultura realizados nos Estados Unidos (1999), Japão (2002), Brasil (2005) e África do Sul (2008), além dos simpósios brasileiros sobre o silício na agricultura, que estão sendo realizados periodicamente.
Considerando-se a sua importância para a agricultura brasileira, o silício de potássio foi regulamentado pelo Decreto nº 4954 e 2004, que considera o silício um micronutriente, e atualizado através da Instrução Normativa nº 5, de 23 de fevereiro de 2007.