A adubação silicatada promoveu aumento na altura, produção de matéria seca, número de panículas por metro quadrado e produtividade. Pesquisas mostram que o silício pode aumentar a absorção de nitrogênio induzindo, assim, aumento na massa vegetativa (Takahashi, 1995; Gu et al., 1999; Lima Filho et al., 2003).
O silício ocorre na solução do solo principalmente como ácido monossilícico (H SiO ), com uma concentração variando de 0,1 a 0,6 mM, sendo absorvido pelas plantas nessa forma em quantidades bastante variáveis. Valores entre 0,1% e 10% são os mais usuais, embora ocorram percentuais tanto menores como maiores (Epstein & Bloom, 2006).
A silicificação nas gramíneas ocorre nas raízes e na parte aérea, incluindo folhas, colmos e, mais intensamente, nas inflorescências. Os depósitos de silício ocorrem nos tecidos estruturais, vasculares, de armazenamento e na epiderme, como constatado em plântulas de trigo. (Sangster et al., 2001).
A acumulação de silício nas células da epiderme, particularmente em gramíneas, mantém as folhas mais eretas, aumentando a penetração da luz, diminui a transpiração excessiva, evitando ou diminuindo o estresse hídrico nas folhas e aumenta a resistência ao acamamento (Takahashi, 1995; Epstein, 1999). O silício minimiza ou impede o acamamento destas e de outras culturas. Este efeito é atribuído à deposição de silício na forma de sílica amorfa sólida (SiO2.nH2O) nas paredes celulares, principalmente da epiderme, aumentando a força mecânica dos colmos (Epstein, 1999).
Nota-se silício tem um papel importante nas relações planta ambiente, pois pode dar às culturas condições para suportar adversidades climáticas, edáficas e biológicas. A utilização do silício na agricultura torna-se particularmente interessante quando o consideramos um anti-estressante natural. Estresses causados por temperaturas extremas, veranicos, metais pesados ou tóxicos, por exemplo, podem ter seus efeitos reduzidos com o uso do silício.
Os conceitos de essencialidade estabelecidos por Arnon & Stout (1939) são, até hoje, utilizados pelos nutricionistas e fisiologistas: 1) a deficiência torna impossível para a planta completar o estádio vegetativo ou reprodutivo do seu ciclo de vida; 2) tal deficiência é específica para o elemento em questão, podendo ser corrigida ou impedida somente com o seu fornecimento; 3) o elemento está diretamente envolvido na nutrição da planta, sendo constituinte de um metabólito essencial ou exigido para a ação de um sistema enzimático, independentemente dos possíveis efeitos em corrigir alguma condição microbiológica ou química desfavorável do solo ou outro meio de cultura. Por estes critérios, a essencialidade para o silício foi demonstrada para a cavalinha. Deve-se
considerar, entretanto, as dificuldades e limitações em retirar o silício do meio nutriente.
Os estudos biológicos na área agronômica já demonstraram os efeitos notáveis do silício no aumento do crescimento vegetal, na produção de alimentos e no combate a estresses causados em plantas por fatores físicos, climáticos e biológicos. O objetivo da pesquisa foi avaliar o efeito do silício no crescimento e produção de três cultivares de trigo (BR 18, BR 40 e IPR 85) e duas de aveia branca (URS 21 e UFRGS 17) em condições hidropônicas. As plantas foram cultivadas com níveis crescentes de silício: 0, 10, 25, 50 e 100 mg litro-1. Os seguintes parâmetros de crescimento foram avaliados: altura de perfilhos, comprimento de espigas, número de sementes, massa da matéria seca de espigas, sementes, colmos + folhas e raízes por planta e massa individual de sementes. Foram realizadas análises de macro e micronutrientes na parte aérea das plantas, incluindo o silício. A suplementação de silício, em solução nutritiva, modificou positivamente o crescimento e a produção de grãos da aveia branca e, principalmente, do trigo.
A absorção de silício pelas duas espécies foi diretamente proporcional às quantidades adicionadas ao substrato. Entretanto, houve diferenças genotípicas marcantes quanto à absorção de silício entre as cultivares estudadas. Para a aveia branca, cultivares URS 21 e UFRGS 17, ocorreu aumento significativo na produção e no número de grãos de todos os tratamentos, que se equivaleram, em relação à testemunha. O trigo foi mais responsivo ao silício. As três cultivares de trigo apresentaram crescimento acentuado nos parâmetros matéria seca da parte aérea, espigas e grãos, aumento no número e na massa individual de grãos e no comprimento das espigas na cultivar IPR85. Foi constatado um efeito de diluição marcante nos teores de todos os macro e micronutrientes, analisados na parte aérea do trigo, por ocasião da colheita, exceção feita para o cobre na BR 18 e BR 40 e zinco na BR 18 e IPR 85.
No trigo ocorreu, também, aumento no número de grãos por planta e no peso individual destes. O aumento máximo para o número de grãos foi de 21%, 38% e 16% para as cultivares BR 18, BR 40 e IPR 85, respectivamente. O peso individual médio das sementes teve um incremento de até 25%, 44% e 35% para as cultivares BR 18, BR 40 e IPR 85, respectivamente (Fig. 5). No caso das aveias, de modo geral, a testemunha apresentou produção e número de Crescimento e Produção do Trigo e da Aveia Branca Suplementados com Silício 21 grãos significativamente mais baixos em relação às plantas com suplementação de silício. Ao contrário do trigo, porém, houve uma tendência de diminuição no tamanho das sementes com o aumento de silício nas plantas (Fig. 5). O fornecimento de silício na cultivar de trigo IPR 85 também propiciou aumento significativo no comprimento médio das espigas.
Boletim de Pesquisa e Desenvolvimento por Oscar Fontão de Lima Filho e Siu Mui Tsai em Julho de 2007.
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